domingo, setembro 24, 2006

Se...


Se és capaz de manter tua calma, quando todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando todos duvidam, e para esses, no entanto, achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares, e enganado, não mentir ao mentiroso.
Ou, sendo odiado, ao ódio te esquivares, e não ser bom demais nem pretensioso.
Se és capaz de pensar, sem que a isso só te atires, e de sonhar, sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver transformadas em armadilhas as verdades que disseste.
E estraçalhadas as coisas por que deste a vida, e refazê-las com o bem pouco que te resta.
Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda tua vida.
E perder e, ao perder, resignado e sem dizer nada, recomeçar do início
De forçar coração, nervos, músculos, tudo, e dar seja o que for que neles ainda existe.
E persistir quando, exausto, ainda te resta a vontade que te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes, e entre reis não perder a naturalidade.
E de amigos, bons ou maus, te defenderes, e a ambos poder ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a terra com tudo que nela existe, e – o que é muito mais – és um Homem, meu filho!
Rudyard Kipling

sexta-feira, setembro 22, 2006

Vale a pena


O Jornal Nacional de hoje mostrou a história de dois jovens que encontraram uma valise contendo 40 mil reais deixada no corredor do prédio que pertencia a um casal vizinho. Em tempos de necessidades e ambições, eles devolveram tudo aos donos! A mãe dos rapazes não estava surpresa. Disse que ainda tem gente de bem nos dias de hoje.

Pois é, em dias em que nos revoltamos com a capacidade de uns de simplesmente subtrair o que não lhes pertence, é válida a boa notícia televisiva, de quem faz diferente, de quem está afinado com os novos tempos.

Fator importante para isso tudo é a educação cidadã. De um lado, esses jovens agiram assim porque foram anteriormente educados por seus pais a respeitar e se importar com o próximo. Além da ídole boa, é claro.
Igualmente, eles não fazem idéia da propagação positiva de seu exemplo em cadeia nacional, da quantidade de gente que aprendeu com eles que vale a pena agir assim e que passará a pensar duas vezes antes de adotar posturas incompatíveis com a cidadã. Somos todos irmãos e responsáveis pela felicidade uns dos outros. Só vai dar certo se todos estivermos no final feliz.

Essa dupla dinâmica está de parabéns. São autênticos Superman´s. Mostremos os nossos e sigamos o exemplo deles. Só assim o mundo muda: através de nossas mudanças interiores.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Ambivalência


Há uma interessante passagem no filme Superman III que ilustra o blog de hoje.
Nele, o vilão expõe o Superman a uma kryptonita sintética que, ao invés de retirar seus poderes, torna-o cada vez mais mau: ele abusa dos poderes, danifica um petroleiro, enche a cara e até caminha na calçada, indiferente às pessoas que costumava ajudar.
Pouco a pouco se estabelece um conflito interno. De um lado, a essência boa, querendo ressurgir, contra a nova configuração maléfica, querendo se estabelecer.
Em certo momento, um garoto grita, incessantemente, que acredita no Superman, que ele vai se curar, que ele vai voltar a ser quem é. O Superman não pôde deixar de ouvir isso, mesmo voando para longe, afinal ele tem superaudição.
Essa metáfora do conflito dual chega ao seu ápice quando essas duas “faces” ambivalentes lutam fisicamente, até que vence a essência original do Superman, cessando os efeitos daquela kryptonita.
Assim, nós temos a moral da nossa história: na vida estamos expostos a muitos fatores negativos e nos vemos convidados incessantemente a esses conflitos de duais. São as injustiças, os crimes, as doenças que sofremos, sem nos acharmos merecedores; as perseguições profissionais; os conflitos familiares, quando amigos maiores encontramos do lado de fora; as lutas inglórias em nome de ideais; o amor que nos traiu; o não se curvar diante do fácil e errado; o resistir às tentações, ao chamado do medíocre; e tantos outros exemplos que vão nos tentando a seguir exatamente esse comportamento, a ingressar nesse modo nublado de ver a vida e a repetir esses padrões achando que vale a pena.
Mas não podemos nos deixar contaminar por aqueles que ainda estão sob os efeitos da “kryptonita sintética” e não eclodiram sua essência verdadeiramente boa.
Os Superman´s enfrentam esses conflitos constantemente, mas a essência boa, de séculos e séculos, de eras e eras, guardada nos nossos corações, sempre haverá de sobrepujar a selvagem, ignorante e circunstancial.
Essa tarefa torna-se ainda mais exigida nos dias de hoje, quando temos que procurar fazer o diferente dos padrões incrustados em nosso subconsciente; quando temos que elevar o padrão vibratório do mundo para os novos tempos que chegaram.
Boa sorte aos Superman´s dos dias de hoje, que, mesmo enfrentando seus conflitos, não se deixar consumir por eles.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Guerreiros da Luz


Eu queria não pensar que não sou um grande herói por não conseguir salvar a mim mesmo.

Eu queria pensar que sendo super poderia resolver todos os meus problemas e ainda os dos outros.

Eu queria pensar que os heróis nunca experimentam a sensação de impotência.

Mas não é assim que um superman dos dias de hoje se comporta, pensa ou age.

Os heróis de hoje são os chamados “Guerreiros da Luz”, como refere Paulo Coelho em seu “Manual”.

As batalhas dos Guerreiros da Luz são travadas num plano elevado, no astral, no mental, no espiritual; sua espada é sua elevação moral; seu escudo é sua fé; seu poder emana do coração. Os revezes para eles são oportunidades de experimentar a vida e fazer o novo, o diferente.

E por falar em Guerreiro da Luz, transcrevo as palavras do sempre discípulo Paulo Coelho (pág. 53):

“Um guerreiro da luz às vezes se comporta como a água e flui por entre os obstáculos que encontra. Em certos momentos, resistir significa ser destruído, então ele se adapta às circunstâncias. Aceita sem reclamar que as pedras do caminho tracem seu rumo através das montanhas.
Nisto reside a força da água: ela jamais pode ser quebrada por um martelo ou ferida por uma faca. A mais poderosa espada do mundo é incapaz de deixar uma cicatriz em sua superfície.
A água de um rio adapta-se ao caminho que é possível, sem esquecer do seu objetivo: o mar. Frágil em sua nascente, aos poucos vai ganhando a força dos outros rios que encontra. E, a partir de certo momento, seu poder é total”.


Boa sorte a todos os que não esquecem os poderes que têm, mesmo diante dos revezes da vida.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Independência


Acabamos de atravessar a semana da independência. Isso me levou a meditar sobre o tema.

Penso que hoje independência quer dizer muito mais que o conceito ligado a desfiles militares ou repetições televisivas de Tarcísio Meira como Dom Pedro I.

Estamos numa época em que primeiro é preciso trabalhar na própria independência para se preparar para um conceito maior: a interdependência fraterna.

Todos nós dependemos uns dos outros para viver, crescer e evoluir. Nações precisam umas das outras, tanto que formam comunidades e mercados comuns. As pessoas começam a perceber o mundo como um só, apesar das divisões feitas pelo homem. Mais cedo do que imaginamos, o universo não parecerá tanto como um imenso pano preto com um planetinha azul perdido nele e nos sentiremos parte de um todo interdependente e fraterno.

Ao nos preparamos para essa interdependência fraterna, tenho visto diversos exemplos de pessoas trabalhando para conquistar e merecer sua independência.

Há quem estude para um concurso ou para uma colocação trabalho, deixando de depender do sustento dos pais. Há quem busque sua independência emocional, dispensando relacionamentos improdutivos. Há quem procure se libertar de acorrentamentos familiares, rompendo paradigmas instalados desde a infância. Há quem depure sua independência política, não mais se deixando seduzir pelo eufórico batuque musical, pela promessa enfadonha, pelo heroísmo populista; mas avaliando quem e o quê representa a verdadeira mudança ou o desgastado teatro. Há também os que trabalham na independência existencial e espiritual, abrindo a mente, estudando e concluindo sozinho sobre os novos aspectos da vida; retirando esse encargo do padre, do pastor, do monge, de Buda, de Jesus ou de Deus.

Trabalhar na própria independência, seja ela qual for, exige esforço, empenho, fé, poder, superpoder; porque significa vencer uma vilã poderosa e silenciosa: a "acomodação", que nos acorrenta, nos veda os olhos e nos amordaça invisivelmente.

Vamos trabalhar com esmero pela nossa independência pessoal para começar a sentir a interdependência fraterna que existe em nossos corações, entre as nações que ora habitamos e entre os planetas que abrigam os irmãos que estamos prestes a conhecer.

Boa sorte a todos que, apesar de trilhar o difícil caminho de se tornar superman nos dias de hoje, ainda encontram espaço para exercitar a interdependência fraterna.

domingo, setembro 03, 2006

Palavras de conforto mútuo

Meus amigos, o apoio de vocês me ajudou muito a compor esse novo blog. Nunca duvidem da importância dessa ajuda. Agradeço os primeiros comentários nessa nova fase.

É preciso esclarecer que os desafios do presente não demandam mais com que nós projetemos em alguém a resolução deles. Haveremos de evoluir por nós mesmos, apresentar os fatores dessa evolução e usar o que aprendemos nessas oportunidades de enfrentamento, com a elegância espiritual que nos é naturalmente exigida.

Quero dizer com isso que acabou a fase de esperar milagrosamente o padre, o santo, o deus, um Buda, um Jesus, um salvador, um superman ou qualquer outro ser encarregado de fazer o que nos é de exclusivo encargo e direito: exercer nosso arbítrio responsável. Esses sujeitos farão apenas é nos lembrar disso.

Os desafios autuais farão com que nós desenvolvamos os nossos próprios super-poderes. É isso que tenho sempre defendido em blogs anteriores. Cada um de nós é um superman em potencial e deve descobrir os seus próprios superpoderes. Cedo ou tarde você vai se descobrir um superman.

Mas é importante lembrar: o superman de hoje não voa literalmente, mas é presto em atender o próximo; não apara projéteis balísticos, mas atrais; não enxerga através dos objetos, mas além das aparências e dos fatos; e assim por diante.

Da mesma maneira, os vilões desenvolveram métodos de ataque mais sutis, exigindo mais acuidade de nossa parte. Eles não vão mais destruir cidades inteiras, querer dominar o mundo anunciando isso na tv, não vão pedir um milhão de dólares e um helicóptero.

Eles estão infiltrados nas empresas que poluem, na política que covardemente rouba dos mais necessitados, vão tentar vender o que vocês não precisam, fazer vocês pensarem que estão menos saudáveis do que estão, julgar o processo mediante interesses pessoais, fazer amizades com criminosos, vender a idéia de fim do mundo, de invasão extraterrestre, de caos, de que o mundo não tem jeito, te fazer desistir da virtude e roubar sua esperança.

E qual é a nossa postura de heróis diante de tudo isso? Nós temos que usar os poderes que desenvolvemos para distinguir quem é vilão e mudar nossas posturas pessoais com atitudes concretas. Dizem que a verdadeira mudança começa dentro de nós mesmos. Façamos assim, através do exemplo.

O vilão da ficção, quando não vai preso, morre, e a história chega ao fim assim. O da vida real tem que efetivamente desfazer o que fez, nessa ou noutra oportunidade. E não deve contar com nosso ódio ou repulsa, mas com nossa caridade e ajuda fraterna, para que, um dia, atinja esse estado de superman e possa ajudar outros a atingi-lo também.

Para só pra finalizar, informo que passei de novo por uma onda de poluição sonora hoje, na forma de um carro-de-som de propaganda política ensurdecedora. O irônico da história é que o candidato era do partido verde. Realmente, não dá para dormir com um barulho desses.

Boa sorte a todos os superman´s dos dias de hoje, que usam responsavelmente os poderes que têm nas mãos.