terça-feira, julho 08, 2008

O estranho benfeitor


Tem chegado à nossa redação relatos de um estranho benfeitor na cidade. O repórter investigativo Clark Kent foi designado para levantar a história e apurou os seguintes depoimentos:


“Já era tarde da noite e eu estava trocando o pneu de meu carro quando alguém parou na minha frente. Pensei logo que fosse assalto. Uma rua deserta e eu ali dando bobeira. Temi pela minha vida e de nunca mais ver meus filhos. Ele se aproximou e apenas me ofereceu ajuda. Perguntou se eu precisava de alguma coisa. Disse que não, mas ele ficou ali até eu terminar. Saí dali achando tudo muito esquisito, mas admito que me senti protegido de algum modo.” (Jaime, 34, corretor).


Célia, 28, desempregada, disse que voltava do presídio onde visitava o marido preso, quando começou a chover.


“Fiquei desesperada porque estava com meu filho num braço e uma sacola de roupa na outra. De repente um carro parado com a porta aberta nos oferecendo carona. Desconfiei, mas entrei porque era o jeito... com aquela chuva.... Mas nada de mal nos aconteceu. Ele nos levou até em casa e foi embora sorrindo para meu bebê”.


Mas situações mais perigosas ficaram marcadas pela atuação desse estranho benfeitor:


“Quando desci da calçada senti um puxão para trás. Não teria percebido o caminhão que passou bem pertinho de mim e ia me pegar de cheio. Se não fosse ele, nem sei onde estaria agora. Nem pude agradecer. Quando reparei, ele tinha sumido tão rápido quanto surgiu (Mirtes, 62, dona-de-casa).


Aline, 20, estudante, conta uma situação engraçada:


“Ele parou o carro do meu lado com uma conversa estranha sobre um endereço, mas enquanto pensava ele me interrompeu perguntando se notei que estava sendo seguida. Por quem? Perguntei. Ele me apontou dois caras que acabaram de passaram por nós enquanto conversávamos. Disse que eles vinham descendo a rua atrás de mim desde a parada do ônibus. Com aquela conversa me salvou de um assalto ou coisa pior. Falou para tomar mais cuidado e partiu de repente”.


Até mesmo com um simples olhar nosso estranho tem atuado.


“Estava distraída quando joguei o papel de sorvete no chão, mas reparei aquele homem me olhando de um modo tão direto e doce ao mesmo tempo, que fiquei constrangida com meu ato. Peguei o papel e pus na lixeira”. (Ivete, 56, Secretária).


“Estava desesperado. Na época ninguém me dava emprego e tinha família pra sustentar. Fiquei tentado quando vi aquela bolsa aberta no ônibus. Quando ia meter a mão, vi aquele cara me olhando nos olhos. Não disse nada, mas desisti sem precisar ser denunciado. Nunca mais faço isso de novo”. (Sandro, 30, ambulante).


“Não acreditava que estava naquela situação logo no meu aniversário. Pensava em acabar com minha vida e antecipar o fim de meu sofrimento. Chorava sentada na calçada quando ele se aproximou e perguntou o que aconteceu. Passei um tempão apenas falando e isso bastou para me sentir melhor. Quando me acalmei ele se sorriu e se despediu de mim. Foi o melhor presente de aniversário que ganhei... vontade de continuar vivendo e lutar”. (Rute, 43, desempregada).


Parece que alguém anda muito ocupado cuidando dos outros sem precisar usar qualquer super-poder.


Quem será esse benfeitor?


Ele pode ser qualquer um de nós, inclusive você!