segunda-feira, junho 25, 2007

Lixo Sonoro


Durante a moda das sertanejas, eu não via a hora de passar para ter paz.


Durante a moda do axé, eu não via a hora de passar para ter paz.


Durante a moda do calipso, eu não via a hora de passar para ter paz.


Depois que a moda do pseudo-forró chegou, perdi a esperança de que o mal-gosto passasse.


O mais interessante do mal-gosto é a sua feição democrática: o mal-gosto sempre se faz presente; você querendo ou não. Ele é de fácil acesso a todos e rapidamente se propaga. Até quem não gosta fica obrigado a ouvir tanta porcaria que se produz hoje em dia.


Outra coisa interessante é o altruísmo do mal-gosto: quem escuta não sabe ouvir baixo, tem que compartilhar com a vizinhança inteira. Às vezes o altruísmo é tanto que acontece o que se deu hoje, quando contei três fontes sonoras diferentes do mesmo gênero de subcultura: o vizinho do lado, um carro em frente de casa e uma casa mais ao longe.

É uma diversidade de bandas com nomes de peças de roupa, comida, estado civil ou pretensões sexuais, sempre ligadas ao nome forró, mas que de forró não têm nada (mas não conta pra eles ainda). Somente uma batucada irritante, grunhidos e barangas oxigenadas dançando.



Ficou uma loucura de um doido só: eu, clamando por silêncio e paz.


Os eruditos não, são muito egoístas: você jamais vai encontrar alguém ouvindo música de qualidade em altíssimo volume, em carros de som, nos toques de celular, na casa do seu vizinho às altas horas da noite, em "sinfonias fora de época" espalhadas pelo país.


Tá certo... é época de São João, mas do jeito que tá, nem santo aguenta.