quinta-feira, abril 19, 2007

E-contros e dez-encontros

Vivemos estranhos momentos, marcados por contradições. Embora a tecnologia tenha nos propiciado vários meios para nos encontrar e unir, terminamos, por causa disso, nos separando ou mesmo isolando à frente do computador.


Uma das grandes vantagens do e-mail, fotologs, sites de relacionamentos, programas de mensagens instantâneas, telefones celulares com câmera e acesso à internet, enfim, da mobilidade e da velocidade da informação, é justamente o imediatismo; isto é, a capacidade de colocar o usuário praticamente à presença virtual de seu interlocutor. Cartas que demoram dias a chegar e telefones fixados nem sempre onde está o nosso objetivo foram superados.


Famílias não perdem o contato, mesmo estando separadas por meio mundo; viajantes estão sempre perto dos seus; facilmente encontramos um amigo, um parente, até um amor. As vidas estão sempre atualizadas e expostas; onde quer que se vá, pelo tempo que for.


Contudo, não são raros os casos de separações por adultérios virtuais ou de pessoas que não têm vida social fora dos círculos eletrônicos.


E, fora o mais grave, fico perplexo ao constatar como, com tantos recursos, ainda não conseguimos nos comunicar satisfatoriamente. Como, ainda assim, não conseguimos externar nossos sentimentos e nos fazer entender. Como pequenas falhas de comunicação levam ao desencontro dos que deveriam se encontrar. Como podem acontecer separações dos que se uniram graças a esses meios. Como o “não dito”, o “mau dito” ou o “dito pelos outros” pode afastar o mágico encontro propiciado pelo meio eletrônico. Como o calor humano está perdendo temperatura para o rosto frio do monitor.


Ainda temos uma gama muito grande de recursos para nos comunicar e nos aproximar. Que o torpedo se afunde no caminho, que o msn esteja fora de serviço, que o e-mail vá para a caixa errada e o celular fique fora de área; mas temos que cuidar para jamais nos perdermos uns dos outros nessas estradas cibernéticas da vida.