terça-feira, agosto 21, 2007

Paradoxos de trânsito


O que me irrita são os paradoxos dessa vida moderna.

As leis de trânsito são chatíssimas com a preocupação em mantermos a atenção ao dirigir. Qualquer distração é caso de multa.

Não podemos dirigir sem as duas mãos no volante, exceto para passar marcha; não podemos falar ao celular, mesmo dispositivos sem fio no ouvido; temos que ter cuidado com ciclistas, carroças, pedestres e outros animais na pista; etc.

Mas nem a lei nem as autoridades têm se preocupado com a transformação dos semáforos em verdadeiros centros de comércio e de serviços.

Quando chego no sinal, me oferecem bala, suco, água-de-coco, frutas, flanelas, equipamentos eletrônicos; me oferecem serviços e ainda me pedem dinheiro por mil motivos e outros sem motivo nenhum.

Será que tudo isso não me distrai? Fico tão tenso com o cerco no carro que me desvio do essencial, que é a minha própria segurança.

De quem é a culpa se eu me distraio catando moedas, justificando a impossibilidade de dar “uma ajudinha”, abrindo o porta-malas do carro para colocar produtos, recebendo limpeza de pára-brisas ou mesmo se eu atropelei alguém fugindo de uma tentativa de furto? Minha culpa ou do Poder Público que tem permitido essa baderna?

Deveria ser proibido o camelô de trânsito, pois a distração do condutor é a mesma, seja ela decorrente do simples ato de falar ao celular, quanto de falar que não quer um produto em todos os sinais durante o percurso. Um belo dia vamos ter que apelar às placas no carro, dizendo “não quero comprar nada!”.

A mesma preocupação com a segurança no trânsito que me policia para eu não me “distrair” deveria policiar aqueles que ocupam as vias de tráfego com seus próprios negócios.

Boa sorte àqueles que transitam pelos obstáculos da vida e chegam aos seus destinos.