segunda-feira, junho 04, 2007

Flanelinhas


Há uma espécie de praga urbana que parasita os bens públicos como se fossem seus e se alimenta de dinheiro sugado das pessoas que param em seus domínios.


É um ser aparentemente calmo, mas cuidado, não o provoque porque ele é muito feroz. Defende o “seu” território com unhas-e-dentes (e facas e revolveres e capangas e ameaças…).

Parece ser invulnerável, porque o Estado, guardião do bem público, senhor do monopólio policial, judicial e legal; nada faz para nos salvar dessa praga.


Pode ser reconhecido por portar sempre um trapo característico, na mão ou no ombro (daí o seu nome científico), e também pela emissão de sons bem próprios, como “dá uma olhadinhae, doutor”, “trocadinhaeee... armenos dez centavos”, “lavadinhaeee…”, “vem, vem, vem, aeee, podeixar…”; ou mesmo um simples assovio “fiiiiiiiu” com o polegar para cima, diante de um sorriso amarelo; significando que você está sob seu poder.


Essa espécie tem variações muito perigosas. Uns são apenas pais de família fazendo o errado em busca do sustento, outros são verdadeiros lobos em pele de cordeiro.


Os camuflados de simplórios lavadores de carros, enganam desavisados, que, ao notar a falta do estepe, do macaco, do som, do livro que estava no banco de trás ou das moedas largadas no console; já é tarde demais.


Outros sabem de todos os seus movimentos e indicam aos chacais quais as melhores investidas.


Uma variação habita os semáforos, como lavadores de vidros, aguardando apenas a hora do melhor “bote” naquilo que você der mole.


Criminosos à parte, o flanelismo é um excelente investimento: o sujeito gasta apenas R$ 1,00 pelo trapo pendurado no ombro e com isso submete a população a sustentá-lo pelo resto da vida, ou seja, você tem que pagá-lo para usar o que já é seu, as ruas e calçadas.


Pagar por pagar, prefiro mil vezes um shopping, porque estou pagando pelo uso do espaço de alguém e não por aquilo que já é meu, e ainda haverá quem se responsabilize por qualquer dano. De qual risco o flanela nos preserva, a não ser dele mesmo?


Foi criando o risco e vendendo a falsa segurança que a máfia começou, nos EUA. Ninguém os conteve e vejam onde chegaram. A praga virou pandemia. Vamos resistir enquanto há tempo!