terça-feira, julho 15, 2008

Senhores do Destino


Na última postagem falei de previsão do futuro. Descartei o determinismo e a fatalidade. Acredito mais em futuro provável, em programação, em sensibilidade.


Acredito que somos agentes das nossas vidas e não escravos do destino. Com sensibilidade, programamos e ajustamos constantemente o nosso rumo, de acordo com as nossas escolhas.


Como tão bem foi colocado nos comentários, se não houvesse escolhas a fazer e se não fossem essas escolhas quem determinassem o rumo de nossas vidas, na verdade nem existiria propriamente vida. Não haveria graça, surpresa, aprendizado, tombo e soerguimento, pois estaríamos presos na Matriz. Somente através das escolhas, exercemos a plenitude de nossa existência.


Na postagem de hoje trato justamente dessas escolhas na vida, da dificuldade que muitas vezes se manifesta o exercício do livre-arbítrio. Erramos e acertamos muito, mas o saldo é positivo. Aprendizado não se perde.


Dizem que a medida de nosso sucesso não são nossas conquistas, mas do que renunciamos para tê-las.


Quanto mais difícil o exercício do livre-arbítrio parece ser, maior se revela o aprendizado ali embutido. É o desapego e a renúncia, a coragem, o auto-controle, a responsabilidade, a maturidade, a disciplina, a experiência, enfim, são necessários um sem-número de escores, de qualificações, de habilidades desenvolvidas, que vamos acumulando ao longo da vida, para que encaremos desafios ainda maiores que os anteriores.


Não é por ser Super que estou isento de temer escolher errado. O medo faz parte da minha vida todos os dias, porque todos os dias faço escolhas. Umas mais, outras nem tanto, mas algumas terríveis de se decidir.


Quando lutar e quando recuar? O receio da kryptonita deve me impedir de lutar? Renunciar aos super-poderes para viver como homem comum, ou estar preparado para não ter uma vida comum por ter super-poderes? Ter uma vida comum como Super e expor as pessoas que amo às ameaças dos vilões, ou viver as confusões de uma dupla-identidade para protegê-los? A quem contar sobre meus poderes? Quando serei Clark, tímido, hesitante, paciente, pacato; e quando serei Super, arrojado, destemido, veloz e poderoso? Super tem amigos de verdade? Quem protege aquele que nos protege?


Insistir ou desistir? Dizer sempre a verdade, mesmo que fira, ou se omitir e ferir a mim mesmo? Agir sempre de acordo com os seus sentimentos? O quanto é nossa responsabilidade o sentimento dos outros?


Como se diz, experiência não são as coisas que nos acontecem, e sim o que fazemos com as coisas que nos acontecem. De mesmo modo, esses dilemas não constroem o nosso destino, e sim o que fazemos com eles, pois o verdadeiro erro é se omitir, é o não atuar, é o não participar da própria vida.


Boa sorte a todos que se enchem de coragem para participar da própria vida.