domingo, dezembro 30, 2007

terça-feira, dezembro 18, 2007

A estranha síndrome

Os habitantes deste planeta sofrem de uma estranha doença pandêmica e intermitente.

Passando a viver aqui, não poderia ser diferente comigo. Apesar dos meus poderes, fui contaminado.


Seus sintomas ocorrem 52 vezes por ano. Se eu viver por 80 anos, passarei por isso 4.160 vezes. É muito sofrimento para uma pessoa só. É pior que Kryptonita porque vai matando aos poucos.


Os habitantes da Terra chamam esse período negro da vida de “segunda-feira”.


Ahh, que dia terrível esse! Se há algo pra dar errado, esse é o dia.


Seus sintomas aparecem desde o dia anterior. Podemos sentir a proximidade da segunda-feira por causa da quantidade de porcarias que saem da televisão desde o dia anterior à sua chegada. Sentimos náuseas, calafrios, vem uma depressão, ansiedade, irritação, nostalgia dos dias anteriores. Muitos se alcoolizam, assistem futebol ou ouvem músicas de qualidade duvidosa.


Enfim, lá no seu íntimo, você sabe que Ela está chegando.


Finalmente quando vira a meia-noite, o dia amanhece muito mais cedo do que no resto da semana. Seu corpo está em frangalhos, o uniforme não entra e a capa está amassada. A cabeça dói, as pernas não obedecem, o sol está mais quente e ofuscante do que de nunca.


O tratamento ideal seria um dia inteiro na praia. Esse sim é o dia certo para ir à praia; e não o anterior. É o dia em que mais me faria bem o sol amarelo desse sistema solar.


Mas nesse dia, de sóis mais belos, não se pode ir à praia. Pelo contrário, você se vê arrancado da cama em direção ao trabalho. Empacotado e enfurnado onde menos queria estar.


O trânsito está muito mais lento porque as pessoas estão muito mais dispersas e irritadas. Nada funciona direito. Nada é pra funcionar direito nesse dia. É completamente improdutivo. A semana deveria começar na terça. Mas, mesmo assim, Ela acontece e a gente tem que fazer força para atravessar as 24 horas de seus efeitos.


Boa sorte a todos que se descobrem super-heróis a cada segunda-feira.

domingo, dezembro 02, 2007

Tragédias e tragédias

Hoje os jornais anunciaram incessantemente uma tragédia que se abateu sobre grande parte da nação.


Vi homens e mulheres aos prantos, com as mãos na cabeça sem acreditar no que viram, ligando para os parentes, buscando consolo.


Vi jovens que, desde que saíram das placentas de suas mães, jamais poderiam esperar o que viram, desolados, imaginando como será o seu futuro daqui pra frente.


Não caiu outro avião, nenhum prédio explodiu, não fomos invadidos por ninguém, não morreu ninguém importante; apenas o coríntians, que foi rebaixado para a segunda divisão.


O que muda na minha vida? Não sinto nada, mas espero ver o desânimo nas ruas, as piadas de gregos contra troianos, a revolta e, quiçá, a violência, sob a justificativa da neurose futebolística.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Resgate Cultural


Já é Carnatal e a cidade assume seus ares de inabitável.

O populacho transita opiado pelas ruas.

Agora há mais um assunto, além da neurose futebolística.

Os carros entulham as ruas e todos vão na mesma direção para lugar nenhum.

O retórico e democrático mal-gosto dá o tom.

São “ulelelês” e “ae-aês” entrecortados de batucadas ensurdecedoras.

A massa manobrada, o povo-gado, o cardume-humano, reduntantemente quer anunciar o que não precisa de arautos.

Dias antes, a cidade estaca em fealdade.

São tapumes, palanques e arquibancadas erguidos por todos os lados. Pequenos comércios se estabelecem com duas linhas cal no chão. Ruas, postes e pessoas se mudam, como se chegasse um furacão.

Para transitar, dormir e trabalhar, pedimos vênia ao Carnatal.


Mesmo com séculos e séculos de diferença, Carnaval e Carnatal têm a mesma finalidade: uma concessão do poder dominante para o povo celebrar suas festas pagãs.

Não vejo mais qualquer semelhança. São duas expressões culturais, mas apenas uma tem valor cultural.

Luxúrias e licenciosidades à parte, no Carnaval ainda se aprende alguma coisa com o enredo desenvolvido, há história, beleza, sonoridade, preciosismo… enfim, arte.

Já a bagagem cultural do Carnatal é inversa: aquela enorme procissão atrás do carro de som, aquele desfile social de vaidades, que toma as poucas ruas que temos, em nada me acrescenta, além da vontade de conhecer outros lugares fora daqui.

Não há explicação, justificativa ou qualquer realização nesse acontecimento; apenas o lucro de poucos e a dor de cabeça de vários.

O único resgate cultural do Carnatal é a reafirmação daquela máxima universal: “o seu direito termina onde começa o meu”.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Saudades de Krypton


Ai que saudades de Krypton.

Que saudades das suas brancas paragens de gelo, cristal e paz.

Que saudades do silêncio.

Lá é possível alguns momentos silêncio, sem essa incessante euforia dos terráqueos, com seu obcessivos lixos musicais.

Esse planeta tornou-se muito barulhento à medida que cresceu o egoísmo das pessoas.

Há raríssimos locais em que se pode desfrutar do silêncio necessário ao descanso.

Todos falam alto, todos são espalhafatosos e indiscretos, o barulho foi democratizado.

A relação dos terráqueos com o barulho é tão íntima que eles passaram a ouvi-lo como se fosse música.

Nós de Krypton já conhecemos todos os níveis de poluição e as superamos.

Vocês da Terra ainda engatinham nos conceitos de poluição sonora.

Você pode me perguntar por que eu tenho uma fortaleza da solidão, bem longe daqui, no pólo norte, impenetrável, onde ninguém chega nem fica em volta fazendo barulho.

Mas ali é o único lugar onde eu consigo um minuto de paz e silêncio nesse planeta; onde eu posso descansar um pouco mais sem ouvir uma barulheira indesejável, um sorveteiro ensurdecedor, um vendedor de qualquer coisa, que não dispensa um alto-falante, ou alguém que conversa para mais de cinquenta metros.

O planeta está todo tomado pelo barulho. A mente dos terráqueos não funciona sem o neurorritmo incessante a que se condicionaram. É uma doença, ao que parece, incurável.

A liga da justiça terá que providenciar um isolamento acústico no planeta, para vocês não incomodarem o resto do universo.

terça-feira, outubro 09, 2007

Siglas


Quando nasci fui chamado de RN, mas logo me distingui pelo CEP, onde pago o aluguel reajustado pelo IGPM e guardo meu carro financiado pela ABN.


Ao sair da fralda pro WC, comecei a pagar IR pelo CPF e me rastreiam pela CPMF.


Sofri até aprender o que é TPM.


Estudei CF, CC, CPC, CP e CPP para entrar na OAB.


Não me conformo de descontarem em mim o estresse do TCC só por causa da ABNT.


Pra relaxar vou à praia, mas por causa do UVA e UVB, uso FPS20.


Depois de tanto trabalhar, me aposento pelo INSS.


O Governo não se entende pelo P... MDB, SDB, SOL, T, C, L, ou V.


Lá em SP, terra do PCC, escorregou um avião da TAM e botaram a culpa na ANAC.


Nos EUA, os aviões da AA foram jogados contra o WTC.


Mas muita gente também morre de AIDS, mata pelo IRA ou sobrevive pela ONU.


No mundo do PC, me reduzi a um VC e levo no peito apenas um “S”.


Tudo tem nome, mas tudo tem sigla.


Disfarçamos os nomes em siglas para esconder seus efeitos. São como os xaropes amargos que transformaram em cápsulas pra ficar mais fácil de engolir. Abreviadas letrinhas que contêm séculos de história, milhares de vidas ou bilhões de dólares.


Não podemos viver sem as siglas. Elas afetam do pobre ao VIP.


P.S.: Se não tem como fugir das siglas, vou mandar essas FDP pra PQP!

segunda-feira, setembro 24, 2007

Mais um dia na vida do Superman


Sexta-feira, 16h, uma loucura de trânsito.


Paro no semáforo e olho para o lado. Vejo uma criança de 3 anos em pé, no banco da frente do carro, sem cinto de segurança.


Olho pra cara da mãe da criança e não é a das mais amistosas.


Tenho que fazer alguma coisa. Sou um super-herói. Super-heróis não hesitam, senão não seriam heróis; senão não usariam capa e seriam à prova de balas.


Vou falar, mas lá vem bala! Ela vai dizer que a filha é dela, que eu não tenho nada com isso, me chamar disso e daquilo outro, mas a situação está bem definida: eu sou o herói, a vítima é a criança e a bandida, a mãe dela.


Falei. Veio chumbo. Disparou olhares e palavras. Nada de mais. Estou acostumado e nem senti. O objetivo maior foi alcançado: a criança foi pro banco de trás.


A invulnerabilidade é a compensação da exposição.


Mais um dia na vida do Superman.


Para o alto e avante!

quarta-feira, setembro 19, 2007

O trabalhador e o investidor

Outro dia me perguntaram se eu sabia de uma oportunidade de emprego.


Respondi que ia ver se conhecia alguém que estivesse precisando daquele tipo de profissional.


A pessoa, talvez usando da liberdade que tem comigo, pediu a fórmula mágica da oferta e da demanda: “Mas tem que ser um emprego que ganhe muito e que trabalhe pouco, viu?”.


Devolvi a ousadia em tom de brincadeira (com o devido respeito a uma minoria): “Você não quer ser juíza de direito não?”.


E ela foi ainda mais longe e retrucou: “Nãaaoooo.... pra isso tem que ser formado e passar em concurso!!! É muito difícil”.


Já impaciente com a folga, disse: “Então entra pra política, vai ser candidata a alguma coisa, ora! Pra isso não se exige qualquer formação e paga-se bem até demais”.


E ela ainda me respondeu, desanimada: “Ahhh... mas pra isso precisa ter muito dinheiro e isso eu já não tenho!”.


Chegamos ao fim da conversa comigo sugerindo a ela investir na bolsa… na bolsa giratória nas esquinas da cidade, quem sabe assim ela chega a atuar um pouco em cada uma dessas áreas.


Ela abriu um sorriso animado e os olhos brilharam, como se já antevendo o sucesso do empreendimento.


Para o bom entendedor, esses parágrafos resumem a situação do país.

terça-feira, setembro 11, 2007

Meu deus e o seu deus


Se pessoas entram em conflito para mostrar que seu deus é o melhor, quem tem razão?


Ninguém.


Qualquer conflito, permeado da capacidade de ferir alguém, com sentimentos de ódio de “uns” contra os “outros”, é a plena confirmação de que o conflito não é religioso, mas odioso, e nenhum dos dois lados tem razão.


Isso não parece óbvio? Então por que ainda se mata, se rouba, se estupra, se abandona e se persegue, enfim, tanto de errado, sob a justificativa do nome de Deus?

sexta-feira, setembro 07, 2007

A parada do 07 de setembro

Não tinha entendido porque no dia 07 de setembro há uma “parada”, se na verdade há um desfile, o que se faz marchando, andando, se mexendo.


Só depois que eu vi a quantidade de ruas que serão bloqueadas para o evento, percebi que a parada não é a dos militares, é a cidade quem vai parar.


A cidade vai parar porque não teremos como nos deslocar pra lugar algum. Vai ficar tudo parado, só passarão os soldados, os bombeiros, os cachorros, os aviões, as armas, os foguetes, os tanques e os escoteiros.


Que o país atualmente está uma parada eu sei, só não sei que razões históricas isso tem a ver com os militares, afinal, quem proclamou a independência foi um imperador, que não era do exército. Seria mais lógico termos uma parada de militares no dia da república, essa sim, proclamada pelo Marechal Deodoro.


Polêmicas à parte, em nada influi pra mim esse dia. Diante da conjuntura econômica mundial, não reflito mais se somos oficialmente independentes ou não. Prefiro refletir se somos ainda subdesenvolvidos ou não mais.


A única coisa boa no dia 07 de setembro, fora ser feriado, é o aniversário da minha prima, para quem aproveito a oportunidade para mandar aquele beijão de felicitações.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Eu tenho medo


Eu tenho medo da violência, de bandido malvado, de gente ruim, de ser a próxima vítima.

Mas tenho mais medo da falta de segurança, da impossibilidade de auto-defesa que o Estado tirou de mim e a exerce com o monopólio da incompetência.
Tenho mais medo da sensação de impunidade dos malvados.
Tenho medo porque não há quem faça por nós.

No mundo animal, quem não é predador, é presa.
Num mundo sem heróis, quem não é bandido, é vítima.
A diferença entre aquele e o nosso mundo é que aqui a política ainda pode fazer a polícia funcionar para uns e outros.

E o resto?
E quem não tem um conhecido de um conhecido que conhece algum policial de verdade?
O resto que escolha ser predador ou presa.

Acontece que há mais gente escolhendo deixar de ser gente para ser predador, do que gente escolhendo ser mais gente ainda para ser herói.

Num mundo onde todos são predadores, impera a barbárie e logo-logo ele se extingue.
Num mundo onde todos são heróis, não há presas, mas colaboração e progresso.

Eu tenho medo que o dia dos heróis chegue tarde demais para essa Terra.

sexta-feira, agosto 31, 2007


Pai, descobri que sei voar.


Quando você liga, sinto meus pezinhos não tocarem o chão, de tanta ansiedade, esperando você chegar.


Quando você chega, pulo em sua direção e não sei quanto tempo consigo ficar no ar antes de cair em seus braços.


Quando a gente passeia de mãos dadas, parece que estou flutuando de tanta alegria, parece que não preciso mais do chão.


Quando chego em casa, tomo um bainho gostoso e vou descansar, mas sonho que estamos voando, brincando entre as nuvens e as estrelas.


Assim descobri que sei voar... porque sou a filha do Superman.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Agosto, mês do desgosto.


Agosto, mês do desgosto.


Vai dizer que é lenda, vai dizer que é auto-sugestão, mas vai dizer que não tem um mês mais complicado que o danado do mês de agosto?


Disso todo mundo reclama e já virou até adágio: “agosto, mês do desgosto”!


Para mim esse mês foi assim: as semanas iam ficando cada vez mais difíceis. Chegava a sexta-feira e olhava pra trás e via quanta coisa, quantos problemas, quantos obstáculos tive que superar, quando normalmente as coisas não são assim. Na semana seguinte, a mesma coisa de novo, e a outra também. Só que pior. Ufaaaaa! Perguntei-me o que poderia estar havendo e a resposta veio logo… agosto... É claro!


Todavia, meu consolo é duplo.


Primeiro, as coisas mais cabeludas se concentram apenas num mês do ano. Temos os outros onze meses para contrabalancear.


Segundo, hoje é dia 24… essa droga tá acabando!

terça-feira, agosto 21, 2007

Paradoxos de trânsito


O que me irrita são os paradoxos dessa vida moderna.

As leis de trânsito são chatíssimas com a preocupação em mantermos a atenção ao dirigir. Qualquer distração é caso de multa.

Não podemos dirigir sem as duas mãos no volante, exceto para passar marcha; não podemos falar ao celular, mesmo dispositivos sem fio no ouvido; temos que ter cuidado com ciclistas, carroças, pedestres e outros animais na pista; etc.

Mas nem a lei nem as autoridades têm se preocupado com a transformação dos semáforos em verdadeiros centros de comércio e de serviços.

Quando chego no sinal, me oferecem bala, suco, água-de-coco, frutas, flanelas, equipamentos eletrônicos; me oferecem serviços e ainda me pedem dinheiro por mil motivos e outros sem motivo nenhum.

Será que tudo isso não me distrai? Fico tão tenso com o cerco no carro que me desvio do essencial, que é a minha própria segurança.

De quem é a culpa se eu me distraio catando moedas, justificando a impossibilidade de dar “uma ajudinha”, abrindo o porta-malas do carro para colocar produtos, recebendo limpeza de pára-brisas ou mesmo se eu atropelei alguém fugindo de uma tentativa de furto? Minha culpa ou do Poder Público que tem permitido essa baderna?

Deveria ser proibido o camelô de trânsito, pois a distração do condutor é a mesma, seja ela decorrente do simples ato de falar ao celular, quanto de falar que não quer um produto em todos os sinais durante o percurso. Um belo dia vamos ter que apelar às placas no carro, dizendo “não quero comprar nada!”.

A mesma preocupação com a segurança no trânsito que me policia para eu não me “distrair” deveria policiar aqueles que ocupam as vias de tráfego com seus próprios negócios.

Boa sorte àqueles que transitam pelos obstáculos da vida e chegam aos seus destinos.



quarta-feira, julho 18, 2007

O escorregão



No país da banalização, até as tragédias se tornam banais.

No país que se vangloria de não ter terrorismo, passamos a temer a incompetência que tira vidas. Quem viaja de avião tranqüilo hoje em dia?

Saber quem são terroristas é fácil, eles se anunciam na tv. Difícil é detectar incompetentes, que fazem questão de se manter incógnitos, escorregando na também incompetência dos encarregados de puni-los.

O escorregão de fazer-mal-feito fez um avião lotado escorregar com duas centenas de vidas para a morte.

O escorregão vai reinar por décadas, em outro empurra-empurra, pondo a responsabilidade um lado para o outro. Novamente escorregarão CPI´s e processos judiciais, só não escorregará pela nossa goela abaixo o amargo absurdo de ver um país como o nosso sendo incapaz de ter transporte aéreo digno.

Para nós, fica a triste lembrança de que a vida é essa vela ao vento. Num simples escorregão, passamos daqui para ali, deste mundo para o outro. Num simples escorregão, a maravilha da engenharia vira destroço e o belo receptáculo da vida, apenas mais um corpo carbonizado no meio de tantos.

Além de contar com um mínimo de justiça dos homens, para mim fica inabalável a fé em Deus, de que nada é por acaso e, ao seu tempo, terá explicação e conforto.

Acendo uma vela aos que partiram nas chamas, aos que ficaram aqui com o coração ardendo e aos que ainda não entenderam o peso de suas responsabilidades neste mundo.

terça-feira, julho 03, 2007

Juízo Final ou final do juízo?


Há um antigo adágio que diz: "enquanto o espírito do mal arma o tigre com garras, Brahma dá asas à pomba".

Tantas notícias ruins nos rodeiam que pensamos estar beirando o famoso "juízo final" ou o "fim dos tempos".

Há guerras, terrorismo, fome, doenças, desespero, catástrofes, violência, corrupção.....

Mas sinto que algo mudou de uns tempos pra cá. A notícia ruim tem vindo com um algo bom aderido: um ensinamento mais claro, uma volta por cima, uma compensação, um exemplo de vida. Enfim, o que fica não é mais apenas uma má impressão de um fato lamentável, mas algo a se refletir; o que deixa mais claro o equilíbrio entre o bem e o mal e o nosso livre-arbítrio no meio.

Numa época amarga em que ainda temos que assistir playboys desocupados espancando uma trabalhadora doméstica, também vimos aulas de humildade, de elevação espiritual, de um discernimento que independe de ter ou não condições materiais de vida.

A empregada doméstica agredida ensinou seu filho a perdoar seus agressores, não propagou o mal e a vingança, cortando a semente no nascedouro. Ela educou seu filho quando os pais de seus agressores não o fizeram. Ela mostrou que Deus bate à porta do rico e do pobre, mas nem todos o deixam entrar.

Ao encontrar o taxista que a salvou ainda soltou outra pérola: "ele fez o bem sem olhar a quem, sem se preocupar se eu era prostituta ou não".

É assim mesmo. Não é preciso ter ou ser mais ou menos para ser pior ou melhor do que somos, basta querer, se importar, agir. O caminho do mal é sedutor e fácil, de vida curta e destino triste. O caminho do bem é longo, mas a paisagem tem flores e pedras, bons companheiros e revela surpresas recompensadoras.

Penso que apenas o final de juízo de cada um de nós poderá levar o todo ao juízo final, ao passo que demonstrações de elevação moral como essa levará o planeta a um plano mais elevado.

segunda-feira, junho 25, 2007

Lixo Sonoro


Durante a moda das sertanejas, eu não via a hora de passar para ter paz.


Durante a moda do axé, eu não via a hora de passar para ter paz.


Durante a moda do calipso, eu não via a hora de passar para ter paz.


Depois que a moda do pseudo-forró chegou, perdi a esperança de que o mal-gosto passasse.


O mais interessante do mal-gosto é a sua feição democrática: o mal-gosto sempre se faz presente; você querendo ou não. Ele é de fácil acesso a todos e rapidamente se propaga. Até quem não gosta fica obrigado a ouvir tanta porcaria que se produz hoje em dia.


Outra coisa interessante é o altruísmo do mal-gosto: quem escuta não sabe ouvir baixo, tem que compartilhar com a vizinhança inteira. Às vezes o altruísmo é tanto que acontece o que se deu hoje, quando contei três fontes sonoras diferentes do mesmo gênero de subcultura: o vizinho do lado, um carro em frente de casa e uma casa mais ao longe.

É uma diversidade de bandas com nomes de peças de roupa, comida, estado civil ou pretensões sexuais, sempre ligadas ao nome forró, mas que de forró não têm nada (mas não conta pra eles ainda). Somente uma batucada irritante, grunhidos e barangas oxigenadas dançando.



Ficou uma loucura de um doido só: eu, clamando por silêncio e paz.


Os eruditos não, são muito egoístas: você jamais vai encontrar alguém ouvindo música de qualidade em altíssimo volume, em carros de som, nos toques de celular, na casa do seu vizinho às altas horas da noite, em "sinfonias fora de época" espalhadas pelo país.


Tá certo... é época de São João, mas do jeito que tá, nem santo aguenta.

quarta-feira, junho 13, 2007

Gentileza de menos, gente lesa demais

Com a minha super-visão, procurei as causas de um trânsito tão ruim quanto o daqui de Smallvile.
Será que o problema está na engenharia do tráfego?
Procurei nas ruas e não achei nada.
Estaria na superpopulação automobilística?
Olhei nos carros e não achei nada.
Será que é nos motoristas?
Procurei na cabeça deles e não achei nada.
Só então percebi que tinha achado o problema.
Não há nada na cabeça dos motoristas!

Essa praga urbana causa um mal contraditório: a pessoa fica tão lesa que nem consegue ser gentil.


Os carros com computador de bordo têm um QI maior do que o de alguns condutores. Os antigos são bem mais acelerados que os donos.


O que vejo nas ruas são motoristas conduzidos pelos carros; completamente entregues, à mercê deles. Acho que no CRV deveria constar o nome do carro no campo “proprietário” e o nome do sujeito na “especificação do veículo”. Afinal, quem conduz quem?


Não falo nem de andar rápido, falo apenas de andar, com um mínimo de eficiência: fechar a boca pra dirigir, fazer cara de quem sabe o que está fazendo, passar a terceira de vez em quando, sair no verde e não no amarelo, se hipnotizar com o celular ou se maquiar em outra hora, não entulhar o trânsito com seu bate-papo no sinal, respeitar a faixa rápida e faixa lenta (têm esses nomes com esse propósito mesmo), dar pisca-pisca, olhar pelo espelho, dar passagem, não fazer curvas a partir do meio da rua, sair da faixa dupla. Essas coisas tão elementares. É pedir demais?


Pior é quando, ao invés de não ter a menor idéia do que está fazendo, o o sujeito faz de maldade.
Aí não tem engenharia de trânsito que dê jeito, buraqueira que sacuda nem buzina que acorde.
O egoísta torna-se tão egoísta que não distribui seu egoísmo e continua agindo como se as ruas fossem dele, cantando "quem é o gostosão daqui, sou eu, sou eu, sou eu".


Conseguir chegar em casa depois de um dia de trabalho é outra luta.
São apenas seis quilômetros, mas se alinharmos os retardados que se vão pelo caminho, daríamos duas voltas pela Terra e atingiríamos a Lua.


Cadeia ... Não… Cadeia não… Uma jaula até que cairia bem, mas cadeia não resolve. Auto-escola para eles!

segunda-feira, junho 04, 2007

Flanelinhas


Há uma espécie de praga urbana que parasita os bens públicos como se fossem seus e se alimenta de dinheiro sugado das pessoas que param em seus domínios.


É um ser aparentemente calmo, mas cuidado, não o provoque porque ele é muito feroz. Defende o “seu” território com unhas-e-dentes (e facas e revolveres e capangas e ameaças…).

Parece ser invulnerável, porque o Estado, guardião do bem público, senhor do monopólio policial, judicial e legal; nada faz para nos salvar dessa praga.


Pode ser reconhecido por portar sempre um trapo característico, na mão ou no ombro (daí o seu nome científico), e também pela emissão de sons bem próprios, como “dá uma olhadinhae, doutor”, “trocadinhaeee... armenos dez centavos”, “lavadinhaeee…”, “vem, vem, vem, aeee, podeixar…”; ou mesmo um simples assovio “fiiiiiiiu” com o polegar para cima, diante de um sorriso amarelo; significando que você está sob seu poder.


Essa espécie tem variações muito perigosas. Uns são apenas pais de família fazendo o errado em busca do sustento, outros são verdadeiros lobos em pele de cordeiro.


Os camuflados de simplórios lavadores de carros, enganam desavisados, que, ao notar a falta do estepe, do macaco, do som, do livro que estava no banco de trás ou das moedas largadas no console; já é tarde demais.


Outros sabem de todos os seus movimentos e indicam aos chacais quais as melhores investidas.


Uma variação habita os semáforos, como lavadores de vidros, aguardando apenas a hora do melhor “bote” naquilo que você der mole.


Criminosos à parte, o flanelismo é um excelente investimento: o sujeito gasta apenas R$ 1,00 pelo trapo pendurado no ombro e com isso submete a população a sustentá-lo pelo resto da vida, ou seja, você tem que pagá-lo para usar o que já é seu, as ruas e calçadas.


Pagar por pagar, prefiro mil vezes um shopping, porque estou pagando pelo uso do espaço de alguém e não por aquilo que já é meu, e ainda haverá quem se responsabilize por qualquer dano. De qual risco o flanela nos preserva, a não ser dele mesmo?


Foi criando o risco e vendendo a falsa segurança que a máfia começou, nos EUA. Ninguém os conteve e vejam onde chegaram. A praga virou pandemia. Vamos resistir enquanto há tempo!

terça-feira, maio 29, 2007

Pragas Urbanas

A partir de hoje vou começar uma série de blogs tratando de um tema muito sério e que aflige indistintamente os habitantes das cidades, as pragas urbanas.


Infelizmente o tema é vasto, fértil, rico. Faremos os apontamentos em várias partes e sofreremos em prestações.


Desde que o homem primitivo alimentou os primeiros lobos, iniciou-se a inevitável convivência, que até hoje existe, entre os agrupamentos humanos e algumas espécies de animais. Graças a esse fato, o sujeito cria seu passarinho, seu cão, seu gato…


Mas nem sempre essa convivência é harmônica, às vezes um se torna lobo do outro. Quando há um descontrole populacional do lado de lá, chamamos de “pragas” e controlamos exterminando alguns espécimes. Quando o descontrole ocorre do lado de cá, os animais chamam de “devastação ambiental” e quem se vinga é a própria Terra, com um tsunami, um terremoto ou uma inundação.


Especificamente no meio urbano, tem sido observada a existência de algumas pragas próprias e que afligem um número indeterminado de vítimas.


Não falo do pombo, do pardal, do rato, da barata, do gato, do mosquito da dengue, do bacilo da cólera, dos gafanhotos, do cupim ou das saúvas. Falo de animais muito piores.


Falo da síndrome da passagem (tratada blogs atrás), dos males do trânsito, do flanelinha, do vendedor de balas em pontos de ônibus, da inexplicável atração de alguns elementos do sexo masculino pelos derredores de caixas de som ensurdecedoras, do sentimento de vazio existencial tão grande que alguns sentem que se acham sozinhos no mundo, dentre outros, que explicarei detidamente em cada um dos blogs, tentando alertar, detectar, controlar ou mesmo erradicar essas pragas, a fim de tenhamos paz na vida.


Até os próximos... se eu sobreviver até lá.


domingo, maio 27, 2007

Pequenos conselhos para uma festa infantil


Diante do que vi na última festinha infantil, só tenho três coisas a dizer:

A primeira é: não pegue para si as lembrancinhas em cima da mesa vizinha e ponha a culpa no seu filho. Isso não cola mais. Das duas, uma: ou você não tem educação ou capacidade para educar uma criança.


A segunda é: se alguma coisa estiver na mesa ao lado, significa que a mesa está ocupada. Não adianta disfarçar. Você não vai ficar mais invisível que os donos dela; vai é ficar mal na fita.


A terceira é boa. Receba seus convidados com amor e atenção e eles nunca mais esquecerão.

Parabéns aos donos da festa (apesar do comportamento de alguns convidados).


terça-feira, maio 15, 2007

A síndrome da passagem


Cuidado, meus amigos. Há uma nova virose espalhada na cidade que pode contaminar você! É a síndrome da passagem.


Seus sintomas são uma súbita leseira ao passar por portas, corredores, portões, escadas rolantes ou portas de elevadores. Geralmente ocorre em locais públicos e lotados, onde a vítima simplesmente sente como se estivesse sozinha no mundo e pára, obstruindo a passagem de todos os demais presentes, com ares de quem foi acometida por amnésia, olhando para os lados, perdida em pensamentos, agindo como um verdadeiro zumbi.


Uma versão mais agressiva desse mal tem sido observada em condutores de veículos, que de repente perdem a noção de onde estão, esquecem as normas de trânsito, desaceleram ou mesmo param seus carros no meio da rua, agindo como se nunca tivessem dirigido antes. Os efeitos colaterais são transtornos, engarrafamentos e perigos para outros motoristas não infectados.


Cientistas do mundo inteiro estão se dirigindo para cá, em Smallvile, para estudar as razões de essa patologia criar no indivíduo o desejo súbito de emperrar a passagem de outras pessoas. Até mesmo um shopping center experimental, com ruas e calçadas exteriores, foi montado para simular o habitat natural dos espécimes portadores. Há suspeitas de ligação com as mesmas causas do entupimento das válvulas e artérias do sistema circulatório, causadora da esclerose mental; transpondo para a dimensão exterior do sujeito o efeito dos seus entupimentos internos.


Recomenda-se paciência com eles, pois os cientistas garantem que os portadores da síndrome não agem assim por falta de educação ou egoísmo, mas por doença mental mesmo! Se você apresentar algum desses sintomas, por favor, fique em casa, em alguns anos eles desaparecerão sozinhos.

Clark Kent, direto da redação do Planeta Diário.

quinta-feira, maio 10, 2007

Para o alto e avante!




Esse foi um ano muito bom pra mim. Tenho que ser grato a Deus e às pessoas que entraram, passaram ou ainda estão comigo no caminho que trilhamos juntos. Todas elas sempre me acrescentaram muito, pela melhor ou pela pior das experiências.


Termino contando meus anos pelo aniversário, época de balanço pessoal. Agora estou entre a mística idade do Cristo sacrificado e a plenitude dos poderes do Superman na Terra. Com essa responsabilidade é impossível escapar de um “balanço”.


Do aniversário anterior pra cá comecei a trabalhar em dobro - ou em triplo, não sei bem, não tive tempo ainda pra pensar nisso - mas entendi o dever e o prazer do relaxamento, primeiramente como respeito a mim mesmo.


Aprendi também a desapegar de coisas e de pessoas. Eles vêm e vão, como as ondas do todo-mar. Tive que criar forças pra me manter forte quando sozinho e a valorizar os momentos de boas companhias.


Aprendi a ser mais útil aos próximos, os indeterminados, que viajam na corrente cibernética. A fazer o bem indiscriminadamente.


Desenvolvi o talento e o gratificante amor à foto e com isso uma intimidade com a linda luz do pôr-do-sol. O contato com o sol amarelo desse planeta me deixou mais forte. Forte para mergulhar de cabeça no trabalho, para, num crescente, crescer e ajudar a crescer.


Em todos esses momentos, tive a graça de contar com o amor sempre ao meu lado, nas suas mais variadas formas e hoje a alegria maior é a de poder tê-las identificado uma a uma.


Amor que se assume e amor que não se reconhece. Amor que se nega e amor que renega. Amor que persegue e amor que liberta. Amor que ensina pelo amor e amor que ensina pela dor. Amor doente, amor-terapia, amor-cura. Amor complicado e amor simples… apenas amor. Amor distante e amor presente. Amor distante-perto e amor perto-distante. Amor-paixão, paixão-amor, amor-amizade e amizade-amor. Amor filial, fraternal, erótico e outros nem tão presentes, como o paternal e o maternal, que, parece, ficaram em Krypton moribundo.


A Deus sou grato por ter emanado dele e feito chegar amor a mim, pelos seus mais diferentes canais e expressões. E mais, como diz Vinícius, por me permitir senti-los eternos enquanto duraram; pois, nas palavras de Oswaldo Montenegro, metade de mim foi amor… e a outra metade também. De tanto amor, só o que restou foi... mais amor.


Agora é virada… mais um ano, para o alto e avante!


domingo, maio 06, 2007

Homem-Areia 3


Esse fim-de-semana fui dar uma força ao meu amigo cabeça-de-teia. Fui à estréia de seu novo filme.

Aqui em Smallvile – a cidade que não acontece nada – foi um evento em escala planetária. Shopping lotado. Gente pra todo lado. Todos hipnotizados pela novidade. Que se mostrou ser um verdadeiro programa de índio.

A promessa de um filmaço frustrou tanta expectativa logo nos primeiros minutos. Depois de muita luta (minha) pra chegar ao final do filme, foi morrendo um e foi morrendo outro, eu quase morria também.... de sono. Tive que colocar teia nas pálpebras pra não dormir. O filme só acerta nisso: a maior luta será interna (pra ficar acordado).

O enredo parecia mais novela da globo e perde em ação para seu próprio trailer. Isso sem falar num Peter Parker meio afeminado, parecendo um dançarino espanhol, com lápis nos olhos e franjinha pra frente. O que característica será que a roupa negra revelou? Pelo menos ela não tinha mamilos como a do Batman.

Aconselho a quem for assistir que vá à tarde porque após às 21h é pedir pra dormir. Por falar em insônia, assim que sair em DVD vou comprar uma cópia pra mim, para aquelas noites em que não pegar no sono.

O irônico é que um dos bandidos é o Homem-areia, mas que esfarelou no final foi o "Hemo"-aranha.

Vez por outra o cinema “derruba” um herói. Ainda bem que a essência se mantém.

quinta-feira, maio 03, 2007

Astrônomos descobrem Krypton

Pesquisadores também estão a ponto de achar a Fortaleza da Solidão

Caverna de Cristal dos Gigantes, em Naica, Chihuahua, MX

As evidências comprovam: ele está entre nós. É questão de tempo até que o salvador se revele para a humanidade. Cristo? Não! Super-Homem!


Depois da kryptonita encontrada na Sérvia, agora surgem novas informações sobre Krypton e a Fortaleza da Solidão. Cientistas da organização Européia para a Pesquisa Astronômica no Hemisfério Austral (ESO) descobriram na constelação de Libra um planeta com temperatura, água e composição do solo similar à Terra, orbitando ao redor de um sol vermelho. Oficialmente, trata-se do primeiro planeta fora do Sistema Solar, identificado por especialistas, que permitiria o surgimento de seres vivos. Extra-oficialmente, muitos já estudam a possiblidade de Krypton não ter explodido, como se acreditava.


Enquanto isso, em Chihuahua, no México, a mina Naica começa a ganhar as manchetes. Descoberto por prospectores em 1794, o lugar atraiu até os anos 1900 interessados em ouro, prata e zinco. Apenas recentemente os vastos salões de selenita - cristais translúcidos com até 1,21 metro de diâmetro e 15 metros de comprimento - começaram a ser desencavados. Até agora foram encontrados, e nomeados, a Caverna de Cristal dos Gigantes e a Caverna das Espadas. Qualquer semelhança com a Fortaleza da Solidão é mera coincidência. Ou será que não?

(o)gradecimento: Eurico Junqueira

http://www.omelete.com.br/Conteudo.aspx?id=100005251&secao=game

25/04/2007Marcelo Hessel

domingo, abril 29, 2007

Guerra dos Mundos

Outro dia eu saí de casa e fiquei assustado com o movimento das pessoas. Havia uma espécie de pânico no ar. Todo mundo corria de um lado para o outro, levando seus pertences e filhos, juntando tudo nos carros, saindo em disparada, zarpando e buzinando pelas ruas, em gritaria, balançando trapos coloridos pelas janelas. Euforia ou neurose, não sabia, mas tudo parecia emergencial. Tanta emergência que a rua estava apinhada de carros de polícia… do choque ao ambiental.

O fato de o clima de repente ter virado, ficado cinza, com nuvens escuras, vento soprando mais e mais forte, batendo portas e janelas, até finalmente chuviscar; colaborou ainda mais para o clima de “Independence day”. Era a própria antítese de “O dia em que a Terra parou”, de Raul Seixas.


Olhei para cima à procura de discos voadores, asteróides de cataclismos ou o próprio juízo final. Ouvia estrondos ao longe, sem saber se eram bombas ou trovões. Pensei que o mundo fosse acabar naquele dia mesmo, sem ter atingido a plenitude de meus poderes.


Liguei o rádio em busca de notícias, de saber onde começar a atuar, mas o locutor falava sem parar, rápido, atravessado e vibrante; não conseguia entender nada.


Só depois pude descobrir que não era nada do que estava pensando, que aquilo tudo era apenas por causa de um jogo de futebol. Mais uma imperdível disputa entre gregos e troianos, medos e persas, romanos e bárbaros, gladiadores e loés, Tom e Jerry, Piu-piu e Frajola, ABC e América, Botafogo e Flamengo… pouco importa, para mim era “x” contra “y” e o placar é sempre 0 a 0.


O engraçado é que dias antes precisei de apoio policial, poderia até ser ambiental, para dar um jeito no animal, que é o meu vizinho, mas eles não puderam ir lá em casa. Deviam estar economizando combustível e recursos públicos para o grande evento deste domingo: o jogo de futebol!


Em que planeta eu fui me meter? Tem sempre alguém enfrentando alguém e outros tantos endoidando em volta!

quarta-feira, abril 25, 2007

A Kryptonita e o Inferno Astral


4/04/2007 - 11h33 - Atualizado em 24/04/2007 - 11h39 Agência EFE

Grupo descobre 'kriptonita' em mina sérvia

Material tem a mesma composição de restos fictícios do planeta do Super-Homem.
Composto, chamado jadarita, será exposto no Museu de História Natural em Londres.
Da EFE
Foto: Divulgação
Divulgação
A "kriptonita" de verdade é branca e não emite radiação. (Foto: Divulgação)

A "kriptonita" deixou de ser apenas o mineral radioativo fictício que deixa o Super-Homem sem seus poderes, depois de uma equipe de cientistas britânicos descobrir, numa mina da Sérvia, um material com sua mesma composição química, revelou nesta terça-feira (24) o Museu de História Natural de Londres.

A "kriptonita" das histórias em quadrinhos do super-herói nascido no distante planeta Kripton é uma substância verde e brilhante. Já o mineral achado na Sérvia é esbranquiçado, terroso, não emite radiação e não vem do planeta de rocha e gelo do Super-Homem.

Dirigida pelo mineralogista britânico Chris Stanley, uma equipe de cientistas analisou um desconhecido mineral achado em minas da Sérvia por geólogos do grupo minerador Rio Tinto. E descobriu que sua composição química coincidia com a descrição da "kriptonita" apresentada no filme "Superman - O Retorno".

Na superprodução de 2006, o arquiinimigo do herói rouba um fragmento do mineral radioativo do museu Metrópolis. O rótulo diz: "sódio, lítio, boro, silicato, hidróxido e flúor".

Stanley, do Museu de História Natural de Londres, explicou que a identificação da estrutura do mineral revelou uma fórmula quase idêntica à do filme, mas sem o flúor.

"Deveremos ter cuidado com o mineral. Não queremos deixar a Terra sem o seu mais famoso super-herói", brincou Stanley.

O mineral descoberto, consideravelmente duro mas muito granulado, não poderá se chamar "kriptonita" porque não tem nada a ver com o criptônio, gás nobre incolor que consta da tabela periódica. O seu nome será jadarita, porque foi descoberto numa mina da região de Jadar, no oeste da Sérvia.
O mineral será exposto ao público nesta quarta-feira.

(http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUI26197-5603,00.html)



Obrigado, Lex Linguarudo! Era tudo que eu precisava num momento como esse.