domingo, abril 29, 2007

Guerra dos Mundos

Outro dia eu saí de casa e fiquei assustado com o movimento das pessoas. Havia uma espécie de pânico no ar. Todo mundo corria de um lado para o outro, levando seus pertences e filhos, juntando tudo nos carros, saindo em disparada, zarpando e buzinando pelas ruas, em gritaria, balançando trapos coloridos pelas janelas. Euforia ou neurose, não sabia, mas tudo parecia emergencial. Tanta emergência que a rua estava apinhada de carros de polícia… do choque ao ambiental.

O fato de o clima de repente ter virado, ficado cinza, com nuvens escuras, vento soprando mais e mais forte, batendo portas e janelas, até finalmente chuviscar; colaborou ainda mais para o clima de “Independence day”. Era a própria antítese de “O dia em que a Terra parou”, de Raul Seixas.


Olhei para cima à procura de discos voadores, asteróides de cataclismos ou o próprio juízo final. Ouvia estrondos ao longe, sem saber se eram bombas ou trovões. Pensei que o mundo fosse acabar naquele dia mesmo, sem ter atingido a plenitude de meus poderes.


Liguei o rádio em busca de notícias, de saber onde começar a atuar, mas o locutor falava sem parar, rápido, atravessado e vibrante; não conseguia entender nada.


Só depois pude descobrir que não era nada do que estava pensando, que aquilo tudo era apenas por causa de um jogo de futebol. Mais uma imperdível disputa entre gregos e troianos, medos e persas, romanos e bárbaros, gladiadores e loés, Tom e Jerry, Piu-piu e Frajola, ABC e América, Botafogo e Flamengo… pouco importa, para mim era “x” contra “y” e o placar é sempre 0 a 0.


O engraçado é que dias antes precisei de apoio policial, poderia até ser ambiental, para dar um jeito no animal, que é o meu vizinho, mas eles não puderam ir lá em casa. Deviam estar economizando combustível e recursos públicos para o grande evento deste domingo: o jogo de futebol!


Em que planeta eu fui me meter? Tem sempre alguém enfrentando alguém e outros tantos endoidando em volta!