Eu queria conhecer o critério de criatividade das propagandas de pasta de dente, cigarro, cerveja e carro.
São todas rigorosamente iguais, seja qual for a marca.
Pasta de dente: gente brincando e, portanto, sorrindo. Até aí tudo bem.
Nas de cigarro, alguém praticando esporte. Não é um paradoxo?
Nas de cerveja: mulheres. Será verdade ou ilusão?
Agora, propaganda de carro é que me perturba de verdade.
Não fumo, raramente bebo e escovo os dentes três vezes por dia, portanto não tenho muitos problemas com esses temas.
Mas com carro é diferente.
Tenho sido castigado com momentos intermináveis dentro dele e acho que alguma coisa está diferente da realidade.
Vocês já repararam que em todas as propagandas de carro a cidade está deserta e o sujeito pode dirigir tranquilamente pelas ruas, curtindo seu carrão?
Isso não é real! Que cidade é essa? Onde é que fica, pra eu me mudar pra lá?
A realidade é a de cruéis engarrafamentos quilométricos, trânsito lentíssimo e gente dementada empalhando a passagem.
Eu me pergunto: por que ninguém teve a idéia original de fazer uma propaganda onde mostre o sujeito confortável em seu carro, no meio do engarrafamento, debaixo de um sol escaldante, sem nem se preocupar com o que ocorre à sua volta? Um carro que agüente o “primeira-segunda-primeira-segunda”?
O resto pra mim é ficção científica.