quarta-feira, abril 28, 2010

Bizarro


Há um planeta chamado “Bizarro”, onde tudo é invertido para o nosso.
Bizarro é uma cópia imperfeita da Terra. Seus habitantes, cópias imperfeitas dos nossos. E o Bizarro, uma imitação do Superman.
Naquele planeta, o que é bom é mal.
A bondade lá ofende.
Ajudar os outros é errado.
Preservar é censurável.
A beleza está no feio.
Lá reina o destruir, o se aproveitar, o tomar à força, o pensar apenas em si.


Ultimamente venho usando todos os meus poderes para entender o planeta onde vivemos, a Terra. Tenho achado ela cada vez mais parecida com o planeta Bizarro.


Não consigo compreender o enganar, o trair, o sacanear, o mentir e ainda se dar bem. Havia aprendido que a conseqüência disso era pra ser diferente, mas essa lógica não acontece por aqui.


Não consigo compreender como aqui o crime é organizado e a polícia é tão desarticulada.


Não me conformo em ver como se sente prazer em atrapalhar a vida dos outros e tantos se ocupam, se organizam e cooperam, unicamente para prejudicar alguém; mas raras são as atitudes de ajudar ao próximo.


Não entendo como se aprende o direito para se fazer o errado, o culto do mau gosto e do barulho, nem por que o fumante tem saúde de atleta e quem se cuida morre assassinado.


É muito difícil estar neste planeta. O ambiente aqui está cada vez pior. Aqui não cabe alguém de capa e botas vermelhas com um “S” no peito fazendo o bem pelo bem. A tendência desse planeta é a de dizimar os que agem assim. Há dois mil anos que é assim.


Quando fui mandado pra cá, meu pai disse que vim para mostrar o caminho, que os habitantes daqui são bons, que só precisam de alguém que lhes mostre a luz, que lhes indique o caminho.


Mas meu pai não passou um segundo aqui na Terra. Morreu milhares de anos antes da minha chegada aqui. Não viveu a agonia de um dia sequer nesse planeta selvagem, nesse ambiente hostil, nessa energia pesada. Ele não acreditaria se lhe dissesse que os terráqueos não veriam a luz nem que se acendesse um farol diante de suas caras, que não enxergariam qualquer caminho que se lhes mostrasse.


Se não fosse pelo Clark, o Super já teria perecido ou ido embora de vez. O Super não sobreviveria nesse planeta se não fosse camuflado de Clark. O Clark permite que o Super passe despercebido na multidão e o protege das agressões do ambiente terrestre. Então o Super se pergunta se não seria o caso de se tornar tão bizarro quanto os habitantes do planeta Terra? Será que assim viveria mais em paz de espírito?