sexta-feira, setembro 25, 2009

A TEORIA DA RELATIVA IDADE


Tenho sérias suspeitas de que a Teoria da Relatividade, de Einstein, tem a ver com a nossa idade.

Lembro de quando era criança e sequer tinha idéia do tempo muito menos de sua passagem. Já um pouco mais velho, ainda tão entretido com os brinquedos, tinha certeza de que 10 anos levariam uma eternidade para passar; o que não afetaria minhas brincadeiras. Aos 20 anos, tinha visto muito coisa acontecer, mas ainda achava que os 30 pertenciam a um futuro longínquo e fui adiando tantas e quantas realizações para a época em que eu seria mais um “coroa”.

Hoje, ao ver uma década passar mais de três vezes, constato como foi rápida a eternidade imaginada na infância, que se leva menos de 10 anos para passar dos 20 aos 30 e que meus adiamentos se acumularam em inúmeros afazeres em nome do tempo perdido, pois “já já” estarei me aposentando.


E é nessa hora em que fica clara a completa relatividade da nossa percepção do tempo. Os sinais de trânsito, que eram medidos em segundos, hoje furtam eternidades. As partidas de futebol, que duravam mais de hora e meia, hoje passam num instante, principalmente quando nosso time está perdendo. Os bons filmes acabam sem a menor cerimônia e as tardes são repletas de desenhos animados. Os semestres, que antes duravam meio ano, agora não passam de uma breve seqüência de dias… E assim vai e, quando menos se espera, já foi.


E daqui por diante, como será a percepção do tempo? Será que entre os 30 e os 40 será ainda mais breve que a década passada? Aos 50 terei visto meia-vida passar com a certeza de que amanhã já são os 80? Suspeito sem certezas.


A única certeza que tenho é a de que o jovem tem pressa, embora o tempo para ele passe tão devagar. Há espaço para muitas realizações, mas tudo é uma agonia só. Tudo é muito intenso, todos os amores são para a vida toda e fim deles tem a definitividade da morte até que o próximo ocorra. O jovem tem a certeza de que o mundo vai se acabar amanhã e, portanto, não se pode esperar o tempo de nada.


Por outro lado, muito embora para o idoso tenha uma compreensão mais sistemática da vida e suas ocorrências, sendo-lhe permitido uma maior serenidade e parcimônia de agir, o tempo para ele voa implacavelmente, e a vida, olhada para trás, não passou de um lampejo, uma fração de segundo, no registro da memória.


Boa sorte a todos que aprenderam a usufruir de seu tempo.