No país da banalização, até as tragédias se tornam banais.
No país que se vangloria de não ter terrorismo, passamos a temer a incompetência que tira vidas. Quem viaja de avião tranqüilo hoje em dia?
Saber quem são terroristas é fácil, eles se anunciam na tv. Difícil é detectar incompetentes, que fazem questão de se manter incógnitos, escorregando na também incompetência dos encarregados de puni-los.
O escorregão de fazer-mal-feito fez um avião lotado escorregar com duas centenas de vidas para a morte.
O escorregão vai reinar por décadas, em outro empurra-empurra, pondo a responsabilidade um lado para o outro. Novamente escorregarão CPI´s e processos judiciais, só não escorregará pela nossa goela abaixo o amargo absurdo de ver um país como o nosso sendo incapaz de ter transporte aéreo digno.
Para nós, fica a triste lembrança de que a vida é essa vela ao vento. Num simples escorregão, passamos daqui para ali, deste mundo para o outro. Num simples escorregão, a maravilha da engenharia vira destroço e o belo receptáculo da vida, apenas mais um corpo carbonizado no meio de tantos.
Além de contar com um mínimo de justiça dos homens, para mim fica inabalável a fé em Deus, de que nada é por acaso e, ao seu tempo, terá explicação e conforto.
Acendo uma vela aos que partiram nas chamas, aos que ficaram aqui com o coração ardendo e aos que ainda não entenderam o peso de suas responsabilidades neste mundo.