A música é um sucesso atual, mas o enredo é dos mais antigos.
Na minha modestíssima opinião, essa história de “me deixe entrar ou me deixe partir” nada mais é do que “pressão” escondida em palavras doces. Algumas pessoas funcionam bem sob pressão, mas relacionamentos não são assim.
A física experimental nos mostra que a pressão, quando bem empregada, é útil. Mas no campo de provas dos relacionamentos humanos, a experiência doméstica já ensinou que pressão demais, sem controle, pode resultar em fadiga de material ou mesmo em explosão. É tudo uma questão de tempo.
É justamente por falar em tempo que ninguém quer perder o seu estando ou querendo estar ao lado de alguém. Qualquer relacionamento gera expectativas e expectativas se contam numa proporção tempo-ganho.
Porém, como entender e respeitar o tempo de cada um? Como colocar a nossa velocidade no coração e na mente do outro? Como fazer com que um perceba a noção de tempo do outro? E depois da passagem do tempo, como saber se cada segundo foi ou não proveitoso? E o que se ganha depois disso? Como saber o que é ganho e o que são perdas quando se fala de relacionamentos?
O que não me soa bem nesse tipo de proposição “me queira ou me deixe”, “é tudo ou nada”, “é agora ou nunca”, é a transferência de toda a responsabilidade do ganho/perda do relacionamento para o tempo do outro. Acredito no ganho, no tempo proveitoso, até mesmo na solidão muito bem acompanhada.
Sim. Porque relacionamento solitário é completamente diferente de solidão acompanhada. Muitos não se dão conta do quanto são solitários, mesmo estando num relacionamento; ao passo que aos “sozinhos” não faltam companhias, alegrias, amigos e bons momentos consigo mesmo.
Boa sorte a todos que encontraram seu tempo e lidam bem com isso… porque já não há mais a preocupação com a perda e ganho.