A música é um sucesso atual, mas o enredo é dos mais antigos.
Na minha modestíssima opinião, essa história de “me deixe entrar ou me deixe partir” nada mais é do que “pressão” escondida em palavras doces. Algumas pessoas funcionam bem sob pressão, mas relacionamentos não são assim.
A física experimental nos mostra que a pressão, quando bem empregada, é útil. Mas no campo de provas dos relacionamentos humanos, a experiência doméstica já ensinou que pressão demais, sem controle, pode resultar em fadiga de material ou mesmo em explosão. É tudo uma questão de tempo.
É justamente por falar em tempo que ninguém quer perder o seu estando ou querendo estar ao lado de alguém. Qualquer relacionamento gera expectativas e expectativas se contam numa proporção tempo-ganho.
Porém, como entender e respeitar o tempo de cada um? Como colocar a nossa velocidade no coração e na mente do outro? Como fazer com que um perceba a noção de tempo do outro? E depois da passagem do tempo, como saber se cada segundo foi ou não proveitoso? E o que se ganha depois disso? Como saber o que é ganho e o que são perdas quando se fala de relacionamentos?
O que não me soa bem nesse tipo de proposição “me queira ou me deixe”, “é tudo ou nada”, “é agora ou nunca”, é a transferência de toda a responsabilidade do ganho/perda do relacionamento para o tempo do outro. Acredito no ganho, no tempo proveitoso, até mesmo na solidão muito bem acompanhada.
Sim. Porque relacionamento solitário é completamente diferente de solidão acompanhada. Muitos não se dão conta do quanto são solitários, mesmo estando num relacionamento; ao passo que aos “sozinhos” não faltam companhias, alegrias, amigos e bons momentos consigo mesmo.
Boa sorte a todos que encontraram seu tempo e lidam bem com isso… porque já não há mais a preocupação com a perda e ganho.
2 comentários:
Há tempos não entrava no seu blog para refletir com suas palavras tão bem empregadas. E, parecendo coisa do destino, após uma longa ausência, entro e me deparo com um texto feito “especialmente para mim”. Texto este que enumerou coisas que prego e sigo na tranquilidade dos meus princípios. Me fez lembrar quando comecei realmente a acompanhar seu blog, no texto “Solidão” (em minha opinião, um dos melhores em se tratando de relacionamento amoroso). E este “Let me out or me in...” seguiu a linha daquele, mostrando o quanto é importante estarmos bem conosco para que possamos estar bem com alguém. Isso realmente requer tempo, principalmente, quando nos machucamos... Necessitamos que a ferida cicatrize, para que finalmente estejamos bem (com nós mesmos) e possamos nos entregar de verdade a um novo relacionamento. Não existe relacionamento que resista à pressão, ainda que essa pressão venha de nós e para nós. Isso é superficial, não é natural. Bom, ACHO “que encontrei meu tempo e que estou lidando bem com isso... porque já não há mais a preocupação com a perda e ganho”. Boa sorte a você também.
Cara LL,
Antes de começar a escrever meu agradecimento pela sua rica participação aqui, li e reli várias vezes suas palavras, que, por sinal, são muito bem escritas e me tocaram bastante.
Tratando do que vc escreveu, lembrei-me de uma máxima budista que diz: só a expectativa gera frustração; se não temos expectativas, não ficamos frustrados; se não ficamos frustrados fugimos do círculo eterno de ir e vir em busca das mesmas coisas e só saindo desse turbilhão propiciado pela vida atingimos a chamada "paz de espírito", o nirvana.
Não como diz Paulo Coelho, para quem amar é não estar em paz porque o amor existe para tirar a paz (boa).
Falo de uma paz verdadeira, independente de amar ou não, ser correspondido ou não.
Creio ser possível conquistar essa paz independentemente de estar com ou sem alguém - porém tudo a seu tempo e cada um tem o seu. Essa é a verdadeira questão: não se pode transplantar "tempo". Cada um tem a sua maturação, o seu momento para tudo. E respeitar o "seu" momento é dispensar o critério perda/ganho e portanto estar em paz.
Obrigado demais pela sua rica participação. Espero contar com ela novamente.
Kal-EL.
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