domingo, agosto 31, 2008

O cão-didato



Eu sei que já escrevi sobre esse tema e já tinha prometido a mim mesmo apenas uma crítica por eleição. Mas nesta época de politicagem é irresistível mais esse desabafo, porque não tem nada mais chato do que um candidato.



O candidato é como fosse uma raposa que sorri para entrar no galinheiro. E esse sorriso amarelo está adesivado em pára-choques, estampado em cartazes e outdoor´s pela cidade; passando uma imagem de austeridade, de honestidade e de simpatia.



O candidato é o maior poluidor do meio-ambiente. Não basta a barulheira do nosso dia-a-dia. O candidato faz mais. Emporcalha tudo com sua marca. Ele quer ser visto e ouvido sempre.



O sujeito é o responsável pelo massacre de carros-de-som ensurdecedores pela cidade, repetindo incessantemente aquelas marchinhas hipnóticas e mal plageadas, para rimar seu nome com uma seqüência de números e assim digerirmos suas promessas.



É ele quem atrasa nosso deslocamento, gerando um cordel de carros que acompanham o seu desfile com destino a lugar algum. E o povo ainda acha pouco. Colabora com um buzinasso.



É o cara que espalha papel pelas ruas, que acaba com seu sossego, que promove queima de fogos e fanatismo popular, que rouba o seu direito de querer fugir de tudo isso na tv ou no rádio, porque até ali ele te persegue.



Ele só dá sossego quando é eleito.



Daí pra frente toma um banho de álcool e de perfume caro pra tirar a inhaca do povo, se embriaga no poder pra nos esquecer e passa a praticar as mais atrozes pilantragens para recuperar o investimento da campanha; sem ser perseguido por ninguém.



Ri pra nós antes para rir de nós depois. Seja sossego ou dinheiro, está sempre nos furtando.



Quero ver o cão, mas não quero ver o cão-didato!


terça-feira, agosto 26, 2008

Eu que não sei quase nada de mulher

Como diz Ana Carolina, ao advertir que não sabe quase nada do mar, eu que não sei quase nada de mulher, arrisco dizer que deve ser muito difícil de sê-las, mas, como mero expectador, vejo o quanto são meritosas as que o fazem com estilo, charme, graça e orgulho.


Não falo da dificuldade imposta pela sociedade, desde o nascimento, da gravidez à viuvez.


Não falo da luta cotidiana em casa e no trabalho, de turnos triplos, de mãe-profissional e profissional-mãe, trabalhando mais e ganhando menos.


Também não falo do encargo avolumado pela qualidade de homens que tem por aí, cada vez mais necessitados de mulheres-mãe.


Falo de tudo isso sem perder o cuidado consigo próprias, sem perder o zelo, a beleza, o charme, a alegria de estar de bem com a vida, o brilho no olhar e a luz no sorriso.


Eu mesmo não agüentaria tamanha tarefa. Se for pra ser super de novo, entro na fila dos superman´s. Mulher-maravilha é tarefa para poucas.


Ser homem é muito mais cômodo e fácil. Por isso ficamos mal acostumados. Sem variar muito, gastamos o mesmo tempo para nos aprontarmos para o trabalho ou para um casamento.


Já para a mulher, tudo é mais complicado: produção, cabelo, salão, maquiagem, unhas, sandália emprestada da tia da amiga da vizinha, que combina com a bolsa que está guardada no baú.


Fazer algo bem feito tem seus méritos. Mas há muito mais méritos em fazer bem feito o difícil e nem sempre agradável, como ser uma bela mulher.


Sugiro a leitura de um texto de quem entende um pouco mais que eu sobre essa complexidade: Flávio Gikovate, em “Reflexões sobre o Feminino”.

quinta-feira, agosto 21, 2008

TPMacho

Pois é, como vimos, para ser feliz com alguém, precisamos estar bem conosco mesmos.


Mas todos nós temos períodos em que não estamos bem por algum motivo e isso pode afetar o nosso par, o nosso relacionamento.


Algumas mulheres, por exemplo, têm a famosa TPM, que as deixa num temporário estado de fúria e os homens num constante estado de alerta.


As grandes guerras começaram por causa da TPM. Reinos foram perdidos por essa alteração hormonal. A queda do Império Romano e o início da Idade Média foram atribuídos à TPM. As grandes catástrofes da humanidade tiveram um “dedinho” de TPM. Neste exato momento, a sua vida pode estar sendo decidida por alguém com TPM. A TPM está à sua volta!


E os homens, será que eles sofrem de algo similar à TPM feminina? Será que eles ficam fragilizados, sensíveis, carentes, amuados, chorosos, briguentos, ávidos por chocolate? Algo nos deixa mais dependentes da compreensão e do carinho delas?


Claro que estou falando de homens de verdade, daqueles que choram e não têm medo de esconder seus sentimentos; e não dos protótipos incipientes de machos mal-acabados, ainda tão sortidos por aí.


Se os homens levaram milênios para aprender a lidar com essa tal de TPM, e ainda nos saímos tão mal; será que as mulheres sabem lidar com o homem que expõe seus sentimentos, que também tem horas de “fraqueza”, que busca amparo e proteção em quem está do seu lado?


Será que elas sabem compreender os nossos “momentos TPM”, ou, para alguns protótipos de mulher, o homem ainda não chora, não sente, não se importa?


Boa sorte àqueles que vivem os seus super-poderes sem abdicar da sua humanidade.


sábado, agosto 16, 2008

Eleições 2008

O período de campanha eleitoral vai recomeçar.


Acho essa época muito instrutiva porque aprendo muitas coisas.


Aprendo como puxar o saco de quem não se conhece.


Aprendo a fazer versões das mais inusitadas músicas em nome do desespero da rima de nome com números.


Aprendo que adversários de ontem são aliados de hoje e os inimigos de amanhã.


Aprendo que poluição não é só material, mas sonora, visual e eletrônica; que lixo existe nas ruas, colado nos carros, nas idéias, nas cabeças, nas propostas e na Câmara.


Aprendo como é pobre a nossa política e como ela é feita por pobres para pobres… de espírito.


Aprendo a ter vergonha na cara.


Aprendo que o tempo passa rápido e que nem lembro em quem votei na última eleição, mas não sinto falta de quem só aparece de quatro em quatro anos sorrindo pra mim.


Aprendo que essa política pobre assalta meu bolso, minha casa, minha TV, meu rádio, meu computador e meu sossego, rouba meu suor e minha paz.


Com tudo isso aprendo o valor de uma boa viagem pra bem longe dessa sujeira toda.


Porque aprendi que sou de aço, mas não sou de ferro, e que paciência tem limite.



segunda-feira, agosto 11, 2008

As colheres


(Adaptado de um texto anônimo, mas dedicado à amiga Lívia, em agradecimento)


Conta uma lenda que Deus convidou um homem para conhecer o céu e o inferno.


Foram primeiro ao inferno.


Ao abrir a porta, o homem viu uma sala em cujo centro havia um caldeirão de sopa e à sua volta pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher, porém de cabo muito comprido, que lhes possibilitava alcançar o caldeirão, mas não permitia que colocassem a sopa na própria boca.


O sofrimento era grande.


Em seguida, Deus levou o homem para conhecer o céu.


Entraram em uma sala idêntica à primeira: havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta e as colheres de cabo comprido.

Mas ali todos estavam saciados. Não havia fome nem sofrimento.


“Eu não compreendo”, disse o homem a Deus, “por que aqui as pessoas estão felizes enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?”.


Deus sorriu e respondeu:

Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros”.


Vimos que as pessoas na sala do inferno estavam tão preocupadas com seus próprios problemas particulares que não pensavam em alternativas para resolver a situação do grupo.


Como todos estavam querendo safar a si próprios, não buscaram alternativas para o problema. Contudo, se houvesse espírito solidário e ajuda mútua, como na sala do céu, a situação teria sido rapidamente resolvida.


Dificilmente o individualismo consegue transpor barreiras. A consciência particular de fazer parte de um “todo” é essencial para a evolução espiritual. Uma equipe participativa, homogênea, coesa, vale mais do que um batalhão de pessoas alienadas e com posicionamentos isolados. Isso vale para qualquer área de sua vida. Não fosse assim, certamente teríamos nascido sozinhos no planeta.


Portanto, “céu” e “inferno” não são lugares geográficos; e sim estados de espírito que construímos e espalhamos em nosso entorno.


Boa sorte a todos que se empenham em mudar o estado de nosso planeta, ao invés de tentar apenas mudar a si próprios de lugar.



sábado, agosto 09, 2008

Se as olimpíadas fossem no Brasil…

Teríamos uma festa de abertura pomposa, mas patrocinada por licitações escusas e falcatruas que enriqueceriam os já ricos.


Ela seria permeada pela guerra de folcloristas chatos, cada um defendendo expressões culturais sem expressão no nosso país. Em vez de “rota da seda”, não é muito mais interessante tratar da “rota do tráfico”?


Veríamos autoridades vaiadas e personalidades brigando para aparecer.


Iríamos mostrar o resultado de nossas centenas de anos de cultura: música estrangeira, calipso, axé, eletro-forró, sertaneja e futebol.


Teríamos uma das melhores emissoras de televisão do mundo mostrando as várias etnias que formam a nossa sociedade: pardos, pobres, excluídos, explorados, índios dizimados, meninos de rua, políticos corruptos, traficantes e vítimas sociais.


A festa faria a festa para catadores de latinhas e flanelinhas e quem não tivesse seu carro roubado no estacionamento poderia ir pra casa feliz, sentindo-se encaixado no mundo, sem saber o quanto ainda falta para a verdadeira civilidade.


Isso tudo, se não faltasse luz no estádio na hora da cerimônia ou a queima de fogos não atingisse ninguém, causando uma tragédia que terminaria no corredor de um hospital lotado. Conhecemos a triste combinação das licitações que tem o critério do menor preço: a menor qualidade e o maior risco possível.


Depois da abertura das olimpíadas na China fiquei ainda mais fã dos chineses e de sua cultura milenar, mas ainda mais desconfiado da nossa, ainda a engatinhar.


Ainda bem que as olimpíadas não foram aqui e sim na China. Eu ia apertar meus olhos para não ver nada disso.


segunda-feira, agosto 04, 2008

Tempo certo


Hoje eu vou postar esse texto abaixo, enviado a mim por uma amiga muito querida, porque ele fala de expectativas e ansiedades, da diferente sensação da passagem do tempo nas pessoas e, sobretudo, de esperança.


Tempo certo


De uma coisa podemos ter certeza:
De nada adianta querer apressar as coisas;
tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto.

Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo,
aí acontecem os atropelos do destino,
aquela situação que você mesmo provoca
por pura ansiedade de não aguardar
o Tempo Certo.

Mas alguém poderia dizer:
Mas qual é esse tempo certo???
Bom, basta observar os sinais...


Quando alguma coisa está para acontecer
ou chegar até sua vida,
pequenas manifestações do cotidiano,
enviarão sinais indicando
o caminho certo.


Pode ser a palavra de um amigo,
um texto lido, uma observação qualquer;
mas com certeza,
o sincronismo se encarregará de colocar você
no lugar certo, na hora certa, no momento certo,
diante da situação ou da pessoa certa!!!
Basta você acreditar que
Nada Acontece Por Acaso!!!